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    O Menino das Estrelas

    O Menino das Estrelas

    Eterna





    Poderia escrever-te, para sublinhar o devaneio das pétalas da sua face, do seu olhar, mar enluarado, que tanto me interage, ou do gestual sublime e incorrigível, do seu corpo exultante.


    Mas não hei de dedicar, meus versos, para satisfazer-te, do próprio prazer que me permites transportar.


    Não vou escrever sobre a sua fonte de desejo, tomada deliciosamente da malícia, da ironia às vezes machadiana, outras da saborosa crueldade pragmática de Lorde Henry Wotton, propiciando em mim, o prazer insaciável, de viver todas as eras, em uma mulher.


    Tampouco vou dedicar-me ao fetiche sutil, de amar quem desafia o meu imaginário, ao sonho deste poeta, como uma borboleta, que pousa sobre uma estrela, em um leve beijo, para desafiá-la a seguir seu vôo.


    É bem verdade, que você é perfeitamente a mais particular das descobertas, um estado de contemplação.


    Impossível não se perder curiosamente, frente à animalidade da sua alma e a espiritualidade do seu corpo.


    Caso ousasse te escrever, seria para reivindicar-te, não pela posse, que não posso, de qualquer instante seu, mas ao delírio, de fazer de cada instante qualquer, a janela aberta para uma aurora bureau, de intensidade própria, inconfundível, que confunda o real ao irreal.


    Escreveria se pudesse, por tua ousadia, teu risco, teu delírio, por dobrar sua esquina.


    Mas para seu conforto, nada tens a temer, pois tão cedo não te escrevo, uma vez que este a pleiteá-la vive a heresia de não acreditar no tempo.


    Tempo esse que ainda não me permitiu com a graça do destino tomar ciência de conhecê-la.


    Assim tão cedo não te escrevo, pois seria rude de amor tão gentil, dizer-te que ainda não existes.


    Mas um dia te escreverei para que saibas que há muito já havia feito-a eterna em mim.


    Fernando Guimarães

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