Vence o prazo
do prazer
sem acontecer
a dor
vence o prazo
no alvorecer
sem perceber
a flor
vence o prazo
do prazer
sem perceber
a dor
vence o prazo
no alvorecer
sem acontecer
a flor
Nascer
de prazer
e morrer
de dor
nascer
da dor
e morrer
de prazer
o prazer
da flor
é desprezar
a dor
o prazer
da flor
é morrer
de amor
Prazer de doer
pra melhor dizer
não é desprazer
é morrer de amor
o desprazer
pra melhor dizer
não é sobreviver
é desprezar o amor
o desprazer
é o amor em gotas
tantas vezes morrer
pra sobreviver no raso
prazer de doer
é à vista viver
porque se arrepender
se paga à prazo
Prazer em gotas
é balé remixado
ninguém prá assistir
ingressos esgotados
prazer em gotas
é cafuné engessado
não dá prá dormir
de tão desengonçado
prazer é jorro
não é fazer jogo
alma lançada ao fogo
lança de fogo no forro
prazer é mais que querer
de corpo e alma
pro prazer é preciso calma
de se perceber
Amor não tem prazo
o prazer está condenado
todo amor é insuperado
chega a hora da saudade sem fim
amor não tem prazo
prazer tem começo e fim
a vida é o suposto amor gerado do gozo
na flor do bosque e entre um e outro rim
vence o prazo
do prazer
vai sobreviver
o amor
o prazer do poeta
é rimar sem disfarçe
possibilidades de face a face
amor, alegria, melancolia e dor
Fernando Guimarães
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